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sábado, 22 de novembro de 2008

Internet faz bem para os jovens, diz estudo


Boa notícia para os pais preocupados: aquelas horas todas que seus filhos adolescentes passam em sites sociais da internet não fazem mal, de acordo com novo estudo da Fundação McArthur.

"Pode parecer que a molecada está desperdiçando tempo demais com novas mídias, seja o MySpace ou mensagens instantâneas", disse Mizuko Ito, a diretora do estudo "Vivendo e Aprendendo com a Nova Mídia".

"Mas essa participação está dando a eles os conhecimentos tecnológicos necessários ao sucesso no mundo contemporâneo. Estão aprendendo a conviver uns com os outros, a administrar uma identidade pública, a criar uma homepage".

O estudo, iniciado em 2005 e concluído em meados de 2008, descreve o uso das novas mídias mas não mede seus efeitos.

"Parece certamente verdadeiro que as novas mídias estão integradas às vidas dos jovens", diz Vicki Rideout, vice-presidente da Kaiser Family Foundation e responsável pelo programa de mídia e saúde naquela instituição. "Estudos etnográficos como esse são bons em descrever a maneira pela qual os jovens encaixam a mídia social em suas vidas. Mas não são capazes de documentar os efeitos. Isso destaca a necessidade de estudos mais amplos, com representatividade nacional".

Ito, pesquisadora no departamento de informática da Universidade da Califórnia em Irvine, disse que algumas preocupações dos pais sobre os perigos dos relacionamentos sociais na Internet resultam de percepções equivocadas.

"As preocupações sobre predadores e desconhecidos podem ser exageradas", ela disse. "Existe certa confusão quanto ao que a garotada realmente faz online. Em geral, eles apenas conversam com amigos e pessoas que conhecem na escola, em acampamentos ou praticando esportes".

O estudo é parte de um projeto de US$ 50 milhões de pesquisas sobre aprendizado e mídia digital, e utilizou diversas equipes de pesquisadores para entrevistar mais de 800 jovens e seus pais, e para observar o comportamento dos adolescentes na Internet por mais de cinco mil horas.

Por conta da percepção adulta de que as relações sociais via Internet representam perda de tempo, diz o estudo, os adolescentes reportam muitas regras e restrições para o seu convívio online - mas a maioria deles descobre maneiras de contornar essas barreiras e manter contato com os amigos constantemente ao longo do dia.

"Os adolescentes em geral têm uma comunidade de amigos íntimos em contato o tempo todo, por meio de celulares e serviços de mensagens instantâneas constantemente ligados", afirma o estudo.

Isso não parecia ser novidade para um grupo de adolescentes do Bronx, em Nova York, que se reuniu depois das aulas na quarta-feira para falar sobre suas rotinas sociais. Todos eles usam o MySpace e mensagens instantâneas para manter contato com cerca 10 ou 20 amigos mais chegados, a cada noite.

"Assim que chego em casa, ligo o computador", disse um menino de 15 anos que começou sua página no MySpace há quatro anos. "Meu MySpace fica ligado o tempo todo, e quando recebo mensagens o sistema envia um alerta ao meu celular. Não se trata de obsessão, mas de necessidade". (As regras da escola não permitem a divulgação do nome de alunos sem permissão paterna, que não pôde ser obtida de imediato.) Apenas uma aluna, de 14 anos, conta ter tentado abandonar a comunicação via Internet - e seu esforço para isso durou apenas uma semana.

"Não funcionou", disse. "Você se vicia. Não é possível viver sem aquilo".

Em uma situação conhecida de muitos pais, o estudo descreve um casal de jovens de 17 anos que namora há mais de um ano; os dois acordam e conectam seus computadores, para conversar depois do banho, enquanto se arrumam para a escola; eles falam ao celular no caminho para a escola, trocam mensagens de texto no período de aulas e depois se encontram depois da escola para fazer as tarefas - e jogar videogames. De noite, eles conversam ao telefone, e costumam encerrar o dia com um "eu te amo" enviado como mensagem de texto.

Os adolescentes também utilizam as novas mídias para explorar novos relacionamentos românticos, por meio de interações casuais o bastante para garantir um recuo que não seja vergonhoso demais caso a outra pessoa não esteja interessada.

O estudo descreve duas mensagens iniciais postadas no Facebook por um casal de adolescentes que acabaram virando namorados. Primeiro a garota postou uma mensagem que dizia "oi... hm, o q dizer? naum sei hahaha. bem, eu comentei aqui... vc devia se sentir ESPECIAL hehe".

Um dia depois, o garoto respondeu: "oi... hm também não sei o que dizer, mas pelo menos escrevi alguma coisa".

Embora os contatos sociais online sejam onipresentes, muitos jovens avançam para um período de adaptação e exploração de novas possibilidades, procurando informações online, personalizando jogos ou experimentando com produção de mídia digital, disse o estudo.

Por exemplo, um adolescente do Brooklyn fez uma busca de imagens no Google sobre placas de vídeo para descobrir onde as placas de vídeo são colocadas em um computador, e instalou ele mesmo a de sua máquina.

O que o estudo define como "nerdice" é o uso mais intenso da Internet, por meio do qual os jovens se aprofundam em suas áreas de interesse, muitas vezes ao aderir a um grupo de interesses na Internet.

"As novas mídias permitem aos jovens um grau de liberdade e autonomia que não é tão comum nas salas de aula", afirma o estudo. "Os jovens respeitam a autoridade de seus colegas online, e muitas vezes se motivam mais a aprender com pessoas próximas a eles do que com adultos".

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